Quantos tipos de solidão existem?
1. Parece que eu consigo, continuamente, desbloquear novos tipos de solidão.
Alguns dias são acompanhados apenas daquele vazio eterno que existe dentro de cada um.
Esse vazio não se completa. Não se enche. Ele será sempre vazio.
Reconheço, abraço, carrego esse vazio, hoje já sem pretensão de enchê-lo.
Eu e o vazio. Eu e o vazio em mim.
2. Você também tem um. Mas não precisa assumir a ninguém, só não minta para si mesmo.
3. Mas hoje não foi esse vazio que me procurou. Nem ao menos foi a solidão movida pela saudade. Saudade da minha terra, saudade do meu grupo social (tantos deles). Nem foi a saudade da Terra prometida. Ou da terra Natal.
Hoje, na primeira noite de Pessach, a solidão foi diferente. Ela veio marcada de traumas. Marcada de verdades que escondo de mim mesma. E ela veio com força mostrar que estou sozinha.
Perdida em meu próprio deserto. Caminhando sem rumo. Repetindo os passos para lugar nenhum e com ninguém por perto.
Não houve seder, nem maçã com nozes, nem gefiltefish. Não houve vinho e nem haverá.
Hoje estou cheia de vazio e minha própria solidão está só.
4. Entro em Pessach sabendo que tenho que limpar tudo dentro de mim, mas sem realmente conseguir abrir o depósito interno. Preciso tirar as minhas próprias migalhas de mim mesma.
Mas hoje não quero chorar. Nem tenho vontade. Hoje só quero que o dia acabe, quero que Pessach passe e eu esqueça dessa parte de mim.
Espero alcançar um próximo ano. E que no próximo ano eu não me sinta só para limpar os armários e jogar fora as migalhas.
5. Mas se não der, tudo bem. Talvez só não sentir já seja o suficiente.